Passeando pelo mundo dos puros
eu vi seu sorriso discreto, o derradeiro
vi seu olhar imóvel
matar mais que a própria morte,
suas mãos banhadas em sangue
tremiam em perfeito acordo
enquanto manifestava
sua vontade de bancar Deus,
e a cada passo que dava
beirava o precipício da vida
esperando encontrar algum conforto
em seu abismo particular,
esperando fugir de sua existência breve
de seu passado sórdido.
Você encontrou com a morte
algumas vezes nesta vida
juntos, vocês partiram destinos
e muitos corações também,
mas agora você está abraçado a ela
repousando em seu colo nada gentil
sentindo o ar gélido
de seu suspiro ''imortal''
vestido com sua carnadura implacável
e no reino dela
vocês serão confundidos pra sempre.
Kamo
(Massacre de Realengo, 7 de abril de 2011)